Gratidão Eterna pelo perfeito amor que nos fez Shalom!
Começo assim meus irmãos com esta frase para espressar a minha alegria e minha gratidão a Deus por nos constituir família Shalom!
1982, 9 de Julho. Rua Cel. Jucá, 356, 20h. A casa está cheia. Há gente na calçada e na rua. Muitos são jovens. O som de músicas alegres de louvor toma conta do ambiente.Para surpresa nossa há até um canal de televisão fazendo reportagem. Faz-se silêncio e todos recebem, atentos, a benção solene de D. Aloísio Lorscheider, Cardeal Arcebispo de Fortaleza. Com a sua benção e palavras de repetido encorajamento à Evangelização dos jovens, é inaugurado o Centro Católico de Evangelização Shalom.
Os jovens se entrelaçam no meio da casa. Não se esperava tanta gente. Não há mesas e cadeiras para todos. Com alegria, alguns jovens vestidos de garçom servem às mesas, um tanto desajeitados, pois jamais fizeram isto antes. Outros, aproximam-se das rodas de jovens e, de uma maneira descontraída, falam de Jesus e do que Ele fez em suas vidas. Na cozinha, muitos trabalham exaustivamente, rezando para a comida ser multiplicada, como quando Jesus com a multidão no deserto. Em todos, um só ideal: Evangelizar os jovens de uma maneira nova, diferente. Evangelizar aquele que não vai à missa, grupo de oração, ou retiro, mas com certeza aceitam um convite para lanchar um sanduíche e um refrigerante.4. A inauguração da primeira lanchonete foi um fato marcante. Nossa história, porém, não começa aí. Começa antes, bem antes, no Coração de Deus, que tem os Seus projetos insondáveis e os confia a pessoas mais comuns e incapacitadas. Sim! Os objetivos magníficos do Senhor, como em um divino quebra-cabeça, vão-se montando e, muitas vezes sem o nosso conhecimento, se manifestando como um plano maravilhoso do Pai.
As Primeiras Pedras do Quebra-cabeça
Em 1972, D. José Delgado era Arcebispo da Arquidiocese de Fortaleza. Seu bispo auxiliar era D. Miguel Câmara, que, muito preocupado com a situação da juventude na Arquidiocese, resolve iniciar um trabalho de Evangelização mais eficaz no meio dos jovens, através de encontros e grupos de jovens. Para coordenar este trabalho, foi convocado Irmão Maurício Labonté, irmão missionário canadense da Congregação do Sagrado Coração, que deu início ao Movimento de Encontro de Jovens da Arquidiocese de Fortaleza.
Os encontros visavam despertar a fé nos jovens, com palestras sobre os valores do Evangelho. Apresentavam-nos Jesus Cristo como um amigo muito próximo da Juventude. Jovens dos colégios católicos e das paróquias da cidade participavam destes encontros de final de semana, onde eram jogadas sementes no coração de muitos. Neste tempo surgiram os grupos de jovens nas mesmas paróquias e colégios. Foi neste ambiente que tive a minha primeira experiência forte com Deus.
Abril de 1976. Participo do meu primeiro encontro de jovens e tenho meu encontro pessoal com Jesus. Minha vida muda radicalmente e assumo um forte compromisso com a Igreja, engajado na evangelização dos jovens através do Movimento de Encontros da Arquidiocese e do Grupo de Jovens do Colégio Cearense, pertencente aos Irmãos Maristas.
No período que se seguiu, a sede de muitos do grupo era tanta, que não encontrávamos na estrutura dos tradicionais grupos de jovens, a espiritualidade necessária para vivermos o Evangelho com mais profundidade. Por graça de Deus, tivemos, nesta época, a experiência do Batismo no Espírito Santo na Renovação Carismática Católica.
O Batismo no Espírito realizou em nós e no nosso grupo a reviravolta necessária para o projeto de Deus poder acontecer. A partir dele começamos uma caminhada de vida de oração e atividade apostólica cada vez mais intensa. Descobrimos que contávamos com o poder de Deus e assim a obra de evangelização não precisava mais ficar limitada à boa vontade e técnicas humanas, mas seria revestida do poder do Espírito que se manifesta através de Seus frutos e carismas.
Animados pelo Espírito, fomos crescendo em uma saudável criatividade para anunciar o Evangelho. Por esse tempo, começavam a florescer os Seminários de Vida no Espírito Santo para jovens e, em comunhão com Emmir Nogueira, que conhecemos dentro da RCC, todo um trabalho de Renovação Carismática especificamente voltado para os jovens, começou a se desenvolver. Muitos grupos de jovens existentes na época foram paulatinamente se transformando em Grupos de Oração e a RCC em Fortaleza, para glória de Deus, tomou novo impulso.
1980, 09 de Julho. O Papa João Paulo II visita o Brasil e inaugura em Fortaleza o X Congresso Eucarístico Nacional. Na Celebração Eucarística dois jovens são escolhidos para apresentar um presente ao Papa em nome de todos os jovens da cidade. Pela misericórdia de Deus, eu era um destes jovens. Discernimos que devíamos apresentar ao Papa um presente em nome de todos os jovens da Arquidiocese. O presente escolhido era cuidar da evangelização dos jovens abandonados. Foi um momento inesquecível, o Papa nos olhava com muito amor e carinho, enquanto pronunciávamos o nosso compromisso, Ele nos abençoou e nos abraçou.
Percebemos hoje como este acontecimento foi parte do desígnio de Deus. Durante dois anos dediquei-me com alguns do nosso grupo de oração, a evangelizar os menores da Febemce. Deus porém, pensava em algo bem maior!
O Ardente Desejo de Evangelizar
Nosso grupo de oração era marcado por dois fortes desejos: o de evangelizar e o de nos comprometermos mais e mais com Deus, uns com os outros e com o Seu Reino. Hoje reconhecemos aí a semente do plano de Deus. Na época, vivíamos estes desejos por pura inspiração, sem consciência do que Deus viria a fazer em nós.
O desejo de nos comprometermos foi crescendo e, pouco a pouco, fomos sendo conduzidos por Deus para uma vivência de serviço e fraternidade que fazia de nós mais que membros de um grupo de oração. O sonho de uma vida comunitária nos alentava, mais víamos como algo longínquo: "quem sabe, depois de nos casarmos ou definirmos nossas vidas e profissões..." O projeto de Deus era muito mais audacioso e naquele tempo era imperceptível para nós, apesar de algumas tentativas humanas de querermos construir nossos próprios caminhos.
A pedagogia de Deus para a realização da Sua obra em nossas vidas manifestou-se principalmente através da evangelização. O desejo de levarmos a outros jovens a vida de Jesus e a experiência do Espírito era algo maior do que nós mesmos. O mais que realizávamos nos parecia pouco diante dos muitos que necessitavam, principalmente aqueles que estavam mais afastados. Foi ao refletirmos em oração sobre esta situação que pouco a pouco a vontade de Deus foi se manifestando.
A Inspiração da Lanchonete.
No segredo do coração, o Senhor começou a relembrar algo que Ele há muito colocara: ainda no encontro de jovens, Ir. Maurício nos havia contado que sua Congregação tinha no Canadá um "Café Cristão". Eram casas em beira de estrada que acolhiam jovens drogados e os alimentavam, procurando uma oportunidade de anunciar-lhes o Evangelho.
Cada vez que Ir. Maurício nos falava deste café, meu coração inflamava-se interiormente e inspirava-me realizar algo parecido em favor dos jovens.Embora deseja-se a criação de algo como o "Café" do Canadá, sentia que não era bem aquilo. O sentimento de que Deus queria algo nesta linha permanecia. Era a sua mão trabalhando e inspirando.
Pouco a pouco a idéia foi tomando corpo: um lugar atraente, sanduíches, refrigerantes, sucos, sorvetes, jovens atendendo e evangelizando. Estava formado o quadro: enfim uma lanchonete! Deus queria uma lanchonete para evangelizar!
A idéia me soava absurda. Não tinha coragem de partilhá-la com ninguém, pois parecia loucura. Guardava segredo e procurava abandoná-la. Com o tempo, porém, a inspiração tornava-se mais insistente. Confesso que "perdia tempo" imaginando como seria a lanchonete, sem ainda comentar com ninguém. Foi quando se deu o dia decisivo.
Era sábado à noite. Estava em casa me aprontando para ir ao aniversário de uns dos irmãos do grupo, quando a inspiração veio mais clara e mais forte ainda: AS COISAS DO MUNDO FUNCIONAM! POR QUE NÃO AS DE DEUS? SE ISSO VEM DE DEUS, POR QUE NÃO DARIA CERTO?
Com estes sentimentos cheguei à festa, sem intenção nem coragem para partilhar nada com ninguém. Depois de muita insistência de um irmão que me via pensativo, iniciei timidamente a partilha. Aos poucos os outros foram se aproximando e no fina do aniversário o assunto não era outro. Todos falávamos animadamente na lanchonete para evangelizar. Em um dado momento, alguém perguntou: "Como será o nome?" Pego de surpresa, respondi, sem pensar: SHALOM! Naquele momento eu não tinha a menor consciência de que o Senhor falava por minha boca e inspirava, com a palavra "Shalom" toda a nosso vocação.A partir daquela noite, muitos ficaram empolgados com a idéia da lanchonete para evangelização, mas era necessário confirmá-la ainda mais em oração. Combinamos que passaríamos a semana orando e no sábado seguinte, depois da oração do grupo, partilharíamos o que Deus nos havia dito.
Deus Abençoe a Todos e que a Rainha da Paz Interceda pela Vida de Santidade de Todos Vocês!
Shalom!
Fernando Henrique (Vocacionado da Comunidade Católica Shalom)
Os jovens se entrelaçam no meio da casa. Não se esperava tanta gente. Não há mesas e cadeiras para todos. Com alegria, alguns jovens vestidos de garçom servem às mesas, um tanto desajeitados, pois jamais fizeram isto antes. Outros, aproximam-se das rodas de jovens e, de uma maneira descontraída, falam de Jesus e do que Ele fez em suas vidas. Na cozinha, muitos trabalham exaustivamente, rezando para a comida ser multiplicada, como quando Jesus com a multidão no deserto. Em todos, um só ideal: Evangelizar os jovens de uma maneira nova, diferente. Evangelizar aquele que não vai à missa, grupo de oração, ou retiro, mas com certeza aceitam um convite para lanchar um sanduíche e um refrigerante.4. A inauguração da primeira lanchonete foi um fato marcante. Nossa história, porém, não começa aí. Começa antes, bem antes, no Coração de Deus, que tem os Seus projetos insondáveis e os confia a pessoas mais comuns e incapacitadas. Sim! Os objetivos magníficos do Senhor, como em um divino quebra-cabeça, vão-se montando e, muitas vezes sem o nosso conhecimento, se manifestando como um plano maravilhoso do Pai.
As Primeiras Pedras do Quebra-cabeça
Em 1972, D. José Delgado era Arcebispo da Arquidiocese de Fortaleza. Seu bispo auxiliar era D. Miguel Câmara, que, muito preocupado com a situação da juventude na Arquidiocese, resolve iniciar um trabalho de Evangelização mais eficaz no meio dos jovens, através de encontros e grupos de jovens. Para coordenar este trabalho, foi convocado Irmão Maurício Labonté, irmão missionário canadense da Congregação do Sagrado Coração, que deu início ao Movimento de Encontro de Jovens da Arquidiocese de Fortaleza.
Os encontros visavam despertar a fé nos jovens, com palestras sobre os valores do Evangelho. Apresentavam-nos Jesus Cristo como um amigo muito próximo da Juventude. Jovens dos colégios católicos e das paróquias da cidade participavam destes encontros de final de semana, onde eram jogadas sementes no coração de muitos. Neste tempo surgiram os grupos de jovens nas mesmas paróquias e colégios. Foi neste ambiente que tive a minha primeira experiência forte com Deus.
Abril de 1976. Participo do meu primeiro encontro de jovens e tenho meu encontro pessoal com Jesus. Minha vida muda radicalmente e assumo um forte compromisso com a Igreja, engajado na evangelização dos jovens através do Movimento de Encontros da Arquidiocese e do Grupo de Jovens do Colégio Cearense, pertencente aos Irmãos Maristas.
No período que se seguiu, a sede de muitos do grupo era tanta, que não encontrávamos na estrutura dos tradicionais grupos de jovens, a espiritualidade necessária para vivermos o Evangelho com mais profundidade. Por graça de Deus, tivemos, nesta época, a experiência do Batismo no Espírito Santo na Renovação Carismática Católica.
O Batismo no Espírito realizou em nós e no nosso grupo a reviravolta necessária para o projeto de Deus poder acontecer. A partir dele começamos uma caminhada de vida de oração e atividade apostólica cada vez mais intensa. Descobrimos que contávamos com o poder de Deus e assim a obra de evangelização não precisava mais ficar limitada à boa vontade e técnicas humanas, mas seria revestida do poder do Espírito que se manifesta através de Seus frutos e carismas.
Animados pelo Espírito, fomos crescendo em uma saudável criatividade para anunciar o Evangelho. Por esse tempo, começavam a florescer os Seminários de Vida no Espírito Santo para jovens e, em comunhão com Emmir Nogueira, que conhecemos dentro da RCC, todo um trabalho de Renovação Carismática especificamente voltado para os jovens, começou a se desenvolver. Muitos grupos de jovens existentes na época foram paulatinamente se transformando em Grupos de Oração e a RCC em Fortaleza, para glória de Deus, tomou novo impulso.
1980, 09 de Julho. O Papa João Paulo II visita o Brasil e inaugura em Fortaleza o X Congresso Eucarístico Nacional. Na Celebração Eucarística dois jovens são escolhidos para apresentar um presente ao Papa em nome de todos os jovens da cidade. Pela misericórdia de Deus, eu era um destes jovens. Discernimos que devíamos apresentar ao Papa um presente em nome de todos os jovens da Arquidiocese. O presente escolhido era cuidar da evangelização dos jovens abandonados. Foi um momento inesquecível, o Papa nos olhava com muito amor e carinho, enquanto pronunciávamos o nosso compromisso, Ele nos abençoou e nos abraçou.
Percebemos hoje como este acontecimento foi parte do desígnio de Deus. Durante dois anos dediquei-me com alguns do nosso grupo de oração, a evangelizar os menores da Febemce. Deus porém, pensava em algo bem maior!
O Ardente Desejo de Evangelizar
Nosso grupo de oração era marcado por dois fortes desejos: o de evangelizar e o de nos comprometermos mais e mais com Deus, uns com os outros e com o Seu Reino. Hoje reconhecemos aí a semente do plano de Deus. Na época, vivíamos estes desejos por pura inspiração, sem consciência do que Deus viria a fazer em nós.
O desejo de nos comprometermos foi crescendo e, pouco a pouco, fomos sendo conduzidos por Deus para uma vivência de serviço e fraternidade que fazia de nós mais que membros de um grupo de oração. O sonho de uma vida comunitária nos alentava, mais víamos como algo longínquo: "quem sabe, depois de nos casarmos ou definirmos nossas vidas e profissões..." O projeto de Deus era muito mais audacioso e naquele tempo era imperceptível para nós, apesar de algumas tentativas humanas de querermos construir nossos próprios caminhos.
A pedagogia de Deus para a realização da Sua obra em nossas vidas manifestou-se principalmente através da evangelização. O desejo de levarmos a outros jovens a vida de Jesus e a experiência do Espírito era algo maior do que nós mesmos. O mais que realizávamos nos parecia pouco diante dos muitos que necessitavam, principalmente aqueles que estavam mais afastados. Foi ao refletirmos em oração sobre esta situação que pouco a pouco a vontade de Deus foi se manifestando.
A Inspiração da Lanchonete.
No segredo do coração, o Senhor começou a relembrar algo que Ele há muito colocara: ainda no encontro de jovens, Ir. Maurício nos havia contado que sua Congregação tinha no Canadá um "Café Cristão". Eram casas em beira de estrada que acolhiam jovens drogados e os alimentavam, procurando uma oportunidade de anunciar-lhes o Evangelho.
Cada vez que Ir. Maurício nos falava deste café, meu coração inflamava-se interiormente e inspirava-me realizar algo parecido em favor dos jovens.Embora deseja-se a criação de algo como o "Café" do Canadá, sentia que não era bem aquilo. O sentimento de que Deus queria algo nesta linha permanecia. Era a sua mão trabalhando e inspirando.
Pouco a pouco a idéia foi tomando corpo: um lugar atraente, sanduíches, refrigerantes, sucos, sorvetes, jovens atendendo e evangelizando. Estava formado o quadro: enfim uma lanchonete! Deus queria uma lanchonete para evangelizar!
A idéia me soava absurda. Não tinha coragem de partilhá-la com ninguém, pois parecia loucura. Guardava segredo e procurava abandoná-la. Com o tempo, porém, a inspiração tornava-se mais insistente. Confesso que "perdia tempo" imaginando como seria a lanchonete, sem ainda comentar com ninguém. Foi quando se deu o dia decisivo.
Era sábado à noite. Estava em casa me aprontando para ir ao aniversário de uns dos irmãos do grupo, quando a inspiração veio mais clara e mais forte ainda: AS COISAS DO MUNDO FUNCIONAM! POR QUE NÃO AS DE DEUS? SE ISSO VEM DE DEUS, POR QUE NÃO DARIA CERTO?
Com estes sentimentos cheguei à festa, sem intenção nem coragem para partilhar nada com ninguém. Depois de muita insistência de um irmão que me via pensativo, iniciei timidamente a partilha. Aos poucos os outros foram se aproximando e no fina do aniversário o assunto não era outro. Todos falávamos animadamente na lanchonete para evangelizar. Em um dado momento, alguém perguntou: "Como será o nome?" Pego de surpresa, respondi, sem pensar: SHALOM! Naquele momento eu não tinha a menor consciência de que o Senhor falava por minha boca e inspirava, com a palavra "Shalom" toda a nosso vocação.A partir daquela noite, muitos ficaram empolgados com a idéia da lanchonete para evangelização, mas era necessário confirmá-la ainda mais em oração. Combinamos que passaríamos a semana orando e no sábado seguinte, depois da oração do grupo, partilharíamos o que Deus nos havia dito.
Deus Abençoe a Todos e que a Rainha da Paz Interceda pela Vida de Santidade de Todos Vocês!
Shalom!
Fernando Henrique (Vocacionado da Comunidade Católica Shalom)
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